Encontramos o irmão Walter J. Maben em Bangalore, onde foi convidado para um seminário PFAT (Permanecendo Firme Através da Tempestade) como um dos preletores. Ele é um evangelista com base na cidade de Mangalore, em Karnataka. Ele é também presidente da Karnataka Missions Network e está envolvido há muitos anos com o ministério da emissora de rádio Transworld. Ele ajudou-nos a conhecer a situação cada vez mais difícil dos cristãos e de outras minorias no Estado de Karnataka. Alguns importantes destaques da entrevista são apresentados abaixo:

Portas Abertas: Que atitude o Estado de Karnataka tem em relação aos cristãos?
Walter Maben: Os fundamentalistas hindus, gradualmente, conseguiram infiltrar-se em Karnataka por meios políticos. Nos últimos três anos, eles buscaram substituir o pessoal de postos-chave dos serviços administrativos, da polícia, das comunicações e do judiciário por pessoal tático, simpatizantes da causa de hindutva. De acordo com as declarações oficiais, eles seriam imparciais com todas as religiões, a verdade, porém, é que eles patrocinam e promovem a causa hindutva. Nos últimos dois anos, o número de igrejas perseguidas, de evangelistas atacados, de propriedades de cristãos danificadas cresceu em uma escala sem precedentes. As pessoas responsáveis por esses crimes, raramente, são denunciadas, e quase nunca são autuadas. Até mesmo a mídia é veladamente monitorada de tal forma que a perspectiva das informações sobre a perseguição aos cristãos nunca obtém a simpatia popular.

PA: Os cristãos são pressionados a abandonar sua fé ou a mudar para outra fé? Qual a razão para tal pressão?
WM: Isso mesmo, e de forma cada vez mais intensa. O desafio é ainda maior para a primeira geração de cristãos. A ala direitista das organizações fundamentalistas, como a Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS) e a Bajrag Dal, trabalha em conjunto com o partido político, o BJP, ou Bhartiya Janata Party. Eles gostariam de impor o hinduísmo como a única religião da Índia e têm como ponto de honra subjugar outras religiões minoritárias, como o islamismo e o cristianismo. A principal razão para essa pressão é a insegurança política e o receio de perderem o domínio nos anos vindouros. Um poderoso santo hindu estimulou os hindus a agir ao observar que nos próximos 10 a 15 anos os hindus poderiam tornar-se um grupo religioso minoritário, e os cristãos (e muçulmanos) certamente se tornariam a maioria. Para combater isso, ele exortou os hindus a levantarem-se e a agir para esmagar todas as minorias. Essa é a forma pela qual muitos recebem uma lavagem cerebral para odiar os cristãos.

PA: Você acredita na intensificação desse movimento daqui para a frente?
WM: Isso mesmo, o movimento apenas começou. A direita fundamentalista não descansará enquanto não reconquistar o sentimento de predominância. Karnataka, junto com outros estados do sul da Índia, contam com um elevado percentual de cristãos, em comparação com o norte da Índia. Os cristãos, sabidamente, votam nos partidos políticos mais seculares, como o Partido do Congresso; mas o BJP tenta atrair os votos do sul a seu favor. Por essa razão, o BJP tentará todas as táticas possíveis para obter a adesão da população hindu, predominante no Estado.

PA: Você acha que o seminário PFAT é uma ferramenta valiosa para preparar os cristãos do Estado para encarar as possíveis mudanças daqui para a frente?
WM: O seminário PFAT proporcionou uma oportunidade valiosa para o entendimento da Palavra de Deus a fim de que se possa extrair o encorajamento necessário dessa fonte. O seminário proporcionou aos pastores e aos evangelistas uma perspectiva de como encarar as realidades básicas e sobre que tipo de respostas devem dar. Também proporcionou uma plataforma por meio da qual as pessoas podem obter ajuda prática, quando estiverem em dificuldades. A necessidade do momento é permanecermos envolvidos com a vida dos cristãos que passam por situações difíceis. Tais seminários podem ajudar no desenvolvimento de uma rede que pode ser útil ao trabalho dos crentes em regiões muito distantes.