Poucos dias depois de uma corte moscovita ter banido uma comunidade de testemunhas de Jeová na mesma cidade, uma empresa particular do outro lado do país demitiu três testemunhas de jeová, alegando que, como membros dessa seita, eles poderiam trazer uma ameaça para segurança da empresa.
Os três jovens, demitidos no dia primeiro de abril, foram empregados no departamento de distribuição alimentar da empresa na ilha russa de Sakhalin, costa pacífica do país. Dois dos três, Sergei Popov e Aleksander Takhteyev, sugeriram ao Forum18 em sua comunidade na cidade de Yuzhno, no dia 23 de abril, que havia uma ligação direta entre a decisão de demiti-los e o parecer da corte da capital russa.
No parecer de Moscou, no dia 26 de março, as testemunhas de jeová em várias cidades russas tiveram acesso negado a prédios que outrora tiveram condições de alugar, mas esse é o primeiro caso conhecido das testemunhas de jeová sendo demitidos de seus empregos por causa de um parecer da corte.
Sergei relatou que, quando eles foram intimidados a comparecer ao escritório do diretor, a princípio pensaram que estavam passando por uma pegadinha vinda do departamento deles, mas acabou acontecendo o que não se esperava. Quando perguntaram o motivo de serem mandados embora de seus empregos, ele continuou, um gerente por fim respondeu: bem, vocês são testemunhas de jeová, não são?. Sergei disse ao Forum18, que outro gerente explicou que já que as testemunhas de jeová faziam parte de uma seita, eles estariam roubando dinheiro da empresa se fossem aconselhados por seus líderes a agirem de tal forma, perdendo assim a confiança da empresa.
No final da reunião do dia primeiro de abril, Sergei e seus outros dois colegas foram forçados a escreverem uma declaração dizendo que estariam deixando a empresa pela própria vontade, mas eles se recusaram a agir de tal forma. Aleksander acrescentou ainda que outro funcionário foi forçado a compilar uma avaliação negativa do registro de trabalho das três testemunhas de jeová, e que eles tiveram opção de escolher deixar a empresa de maneira amigável ou de serem demitidos baseados neste registro negativo.
Em uma mensagem de e-mail do dia 16 de abril, encaminhada às três testemunhas de jeová pelo diretor geral da West-East em Sakhalin, Yuri Yegorov, o diretor regional para o extremo oriente russo afirma que a demissão foi ditada por considerações de segurança. Sabe-se por fontes oficiais que a questão de colocar uma proibição sob a atividade da seita das testemunhas de jeová tem sido repetidamente examinada pela corte de Moscou, escreve Vadim Polishchuk. De acordo com as acusações, essa seita interpreta a Bíblia incorretamente, viola os direitos dos cidadãos russos, destrói as bases da família e incita os membros para cometerem suicídio. Deve-se também ressaltar que a França baniu a atividade de seitas religiosas em seu território.
Em sua mensagem, Vadim ainda menciona que as testemunhas de jeová distribuíam literatura religiosa durante o trabalho. Enquanto que ele não duvida das intenções positivas dos representantes desta seita, ele conclui que a decisão de Yuri não pode ser alterada, já que o gerente, caso contrário, estaria sendo incapaz de estabelecer um ambiente de moral e de manter o nível de segurança dos recursos materiais. Entretanto, Vadim reconhece que as circunstâncias da demissão podem ter sido tomadas de maneira apressada, e propõe uma solução pacífica na qual um emprego possa ser oferecido sem acesso aos recursos materiais.
Aleksander enfatizou ao Forum18 que ele e seus colegas também estão buscando uma solução pacífica e não tem vontade de envolver a justiça, já que eles gostavam de trabalhar na empresa e voltaria a trabalhar lá se isso fosse possível. Até agora, disse ele, os três enviaram uma declaração oficial relacionando sua demissão à inspeção local e buscou conselho do advogado.
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