O Sudão do Sul expulsou do país o coordenador humanitário das Nações Unidas, Toby Lanzer, que é do Reino Unido. Ainda não foi dada nenhuma explicação dos motivos da sua saída. O secretário-geral Ban Ki Moon não concordou com a expulsão. "Peço ao governo do Sudão do Sul para reverter a decisão imediatamente e ainda pediu para o governo cooperar plenamente com todas as entidades das Nações Unidas presentes no Sudão do Sul", disse em um comunicado.
Lanzer é o segundo funcionário da ONU a ser expulso do Sudão do Sul. Em novembro de 2014, o governo determinou a saída de um funcionário que realizou investigações sobre a situação dos direitos humanos no país. A decisão estaria veiculada a um relatório publicado em agosto, acusando o exército de tortura, estupros, assassinatos e raptos.
"Embora a expulsão traga um impacto negativo sobre o trabalho da ONU no Sudão do Sul, o movimento para expulsar Lanzer tem imenso significado", comentou um colaborador da Portas Abertas, que permanece anônimo por razões de segurança. James Bays, editor da rede de TV jornalística Al Jazeera disse na sede da ONU em Nova York: "Entende-se que a expulsão de Lanzer aconteceu porque ele alegou ter feito uma série de declarações inverídicas em uma mídia social". De acordo com o relatório, Lanzer é um usuário ativo do Twitter e, muitas vezes, postava mensagens sobre a terrível situação no Sudão do Sul para seus quase 12 mil seguidores.
A expulsão de Lanzer veio apenas algumas semanas depois que o parlamento do país aprovou, em 13 de maio, uma lei limitando as organizações não governamentais de nomear não mais de 20% de estrangeiros em sua equipe. Os trabalhadores humanitários temiam que o projeto de lei tivesse repercussões catastróficas para a comunidade, que depende de ajuda.
O Fórum de ONGs do Sudão do Sul, que representa 160 nacionais e 140 ONGs internacionais presentes no país, afirmou que Lanzer cumpriu a perspectiva de um forte quadro para tornar mais fácil o trabalho aos membros da operação, "dentro de um ambiente coerente e consistentemente legal ". Enquanto isso, havia uma preocupação com os impactos humanitários do projeto de lei. "Ainda existem preocupações significativas de que o projeto de lei não regula as operações das ONGs, mas sim dificulta a capacidade de servir ao povo sul-sudanês em um momento em que as necessidades são crescentes devido ao conflito que acontece", disse o fórum em um comunicado.
O país tem uma escassez de trabalhadores qualificados e uma taxa de alfabetização de apenas 27%. Há temores de que as operações humanitárias básicas poderiam ser severamente prejudicadas pela legislação. "As ONGs já estão sob crescente pressão administrativa e muitas vezes são objeto de execução arbitrária de regras e regulamentos. Há um número crescente de incidentes de assédio e violência contra elas."
"Não á nada na lei que possa causar preocupação porque esse é um projeto de lei que adere aos padrões internacionais", alegou à Reuters Ateny Wek Ateny, porta-voz do presidente. O conflito do Sudão do Sul começou em dezembro de 2013 e foi marcado pela violência brutal contra os civis, que provocou sofrimento em todo o país. Nas últimas semanas, porém, os combates no país pioraram consideravelmente com relatos de violência brutal e grande destruição. Em alguns estados do Sudão do Sul, estima-se que a violência envolveu cerca de 300.000 pessoas.
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