A afirmação que explica o crescimento do protestantismo entre os indígenas mexicanos pela influência de missionários estrangeiros é racista e profundamente discriminatória, advertiu o sociólogo da Religião, Carlos Martínez.
A teoria da manipulação (dos missionários estrangeiros) é uma explicação racista e profundamente discriminatória, porque nega aos índios, a maioria com idade e capacidade para decidir por si mesmos, seus novos referenciais de identidade afirma Martínez, em artigo publicado no diário La Jornada, na quarta-feira, 6.
Segundo Martínez, o aumento da membresia evangélica nas comunidades indígenas do país obedece à ativa mobilização de missionários evangélicos saídos das próprias comunidades nativas.
O Censo Geral da População e Moradia, de 2000, reporta que em Chiapas, nos municípios preponderantemente indígenas de Los Altos, entre 20% e 50% da população são evangélicos. Nesses municípios o presbiterianismo foi, durante muito tempo, a única confissão religiosa distinta do catolicismo tradicional, indica Martínez.
Atualmente, a maior denominação em número de fiéis na região corresponde aos adventistas. A Igreja Presbiteriana indígena mantém uma liderança na região dos Altos de Chiapas, com pastores eminentemente índios que se formaram nas congregações locais e mais tarde na Escola Bíblica Tzotzil, precisa o sociólogo.
Martínez explica que esse processo se estende a outros países, como Guatemala, Peru e Equador, onde o cristianismo evangélico cresceu com mais êxito entre os indígenas do que entre os mestiços.
Outra razão apontada pelo autor é que o religioso tem entre os indígenas uma significação especial como elemento integrador da vida pessoal e comunitária. Martínez lembra que a presença de propostas religiosas nesses povos, diferentes das tradicionais, provocaram respostas distintas, que vão desde o rechaço até a entusiasta adoção.
O sociólogo destaca também os ganhos de alguns desses povos, como as etnias tzotzil de Chenalhó e Chamula, que contam cada uma com a Bíblia em seu idioma.
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