Desde março, quem cresce de forma constante junto ao eleitorado evangélico é Fernando Haddad (PT), o único dos três primeiros colocados que não busca de forma explícita o apoio de pastores e igrejas.
Segundo o Datafolha, o engajamento religioso nas campanhas de Celso Russomanno (PRB) e José Serra (PSDB) não tem surtido benefícios tão significativo aos dois, para que busquem e ostentem tantos apoios de pastores.
Na opinião do pastor Marcos Cordeiro, coordenador do Setorial Inter-religioso do PT-SP, é justamente por não fazer proselitismo eleitoreiro em igrejas que o candidato petista pode estar gerando simpatia. “Não tem que transformar o púlpito da igreja em palanque eleitoral. Não é uma forma bacana de trabalhar o voto evangélico. As pessoas percebem que aquele candidato está procurando a igreja só na época da eleição”, afirmou o pastor. Para ele, o eleitor precisa tomar conhecimento das propostas do candidato por meios menos explícitos.
De modo geral, a evolução das pesquisas revela uma movimentação entre os candidatos que não difere muito das oscilações no eleitorado genérico, quando não é perguntada a religião.
Em março, Haddad tinha 4% das intenções de voto entre os pentecostais. Saltou para 13% em agosto e, na última pesquisa, obteve 15% dessas igrejas mais novas e populares.
Entre os não-pentecostais, denominações mais antigas e ligadas a setores médios, como Batista e Presbiteriana, foi ainda melhor ao atingir 22%.Conforme postado no Folhagospel, filiado ao PRB, sigla comandada por bispos da Igreja Universal, Russomanno caiu 17 pontos entre os não-pentecostais na última rodada, sua maior queda em todos os segmentos. Entre os pentecostais, oscilou três para baixo.
Para o pastor Cordeiro, esses números parecem naturais, pois há “rejeição” entre setores evangélicos mais tradicionais, ao utilitarismo que igrejas neo-pentecostais fazem da política e vice-versa. “O nível sócio-cultural do evangélico não-pentecostal costuma ser maior, portanto, seu voto é mais informado e consciente”, disse ele.
Já Serra, que tem feito visitas frequentes a cultos, caiu 12 pontos entre os pentecostais desde março. E apesar de ter subido de 14% para 24% entre os não-pentecostais na última rodada, ainda está dez pontos abaixo do que já teve.
Serra é apoiado pelo maior ramo da Assembleia de Deus, por igrejas menores, e foi abençoado por Valdomiro Santiago, da Igreja Mundial. Ainda assim, tem 50% de rejeição entre pentecostais e 47% entre não-pentecostais.
O coordenador do setorial petista diz ter acompanhado a evolução de políticos evangélicos como Francisco Rossi e Anthony Garotinho, muito conhecidos por sua vivência na igreja. “Nem eles eram unanimidade entre evangélicos! Agora, querem me convencer que um político que enfatiza ser católico tem 48% do voto evangélico?!” Segundo sua experiência, a depender do modo como esses candidatos expõem a fé evangélica, podem envergonhar os crentes, que acabam rejeitando sua candidatura, apesar da vinculação.
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