A Portas Abertas vem acompanhando e noticiando o caso de Rimsha, presa no Paquistão, sob a polêmica lei da blasfêmia. Após passar mais de três semanas em uma penitenciária, a garota –portadora de Síndrome de Down – foi solta. Porém, com a intensa perseguição contra minorias religiosas, ela não pode voltar para casa
A menina cristã, com problemas mentais, acusada de blasfêmia no Paquistão foi liberta da prisão no último final de semana, mas, por causa da perseguição e o medo de retaliações muçulmanas, não pôde voltar para casa.
Rimsha Masih de, aproximadamente, 14 anos, foi liberada sob fiança em seção de um tribunal de Islamabad, na última sexta-feira (7) e, então, transferida da sede da polícia do bairro, para um local dentro do país na noite desta segunda-feira (10).
A garota foi encaminhada a este posto policial depois de ficar detida, desde o dia 17 de agosto, em uma prisão de alta segurança em Adiala, Rawalpindi. A polêmica do caso despertou preocupação internacional.
No início dessa semana, houve forte especulação de que Rimsha e sua família seriam levadas para fora do Paquistão, mas o líder cristão Paul Bhatti, conselheiro do primeiro-ministro para Harmonia Nacional, afirmou que eles não deixaram o país.
Bhatti disse à imprensa que Rimsha e sua família haviam sido transferidas para um "lugar seguro, definido pelas autoridades paquistanesas."
Segundo um oficial de polícia, existem duas declarações da menina registradas. A primeira foi documentada em uma delegacia, logo depois que a adolescente foi detida. A segunda, na penitenciária de Adiala.
Na primeira versão, ela admitiu queimar páginas de um texto religioso, mas, no segundo, Rimsha negou ter feito isso. O policial não identificado, que prestou esse depoimento, foi citado pelo jornal Dawn.
Ele disse ainda, que a equipe de investigação irá gravar outra declaração da menina, a partir de algumas perguntas que foram respondidas anteriormente, tais como onde ela conseguiu o saco plástico que continha páginas do Alcorão e, porque Malik Ammad, o homem que acusou Rimsha de blasfêmia, estava sentado perto de sua casa quando ela, supostamente, passou com a bolsa que, segundo a menina, encontrou em um depósito de lixo.
Para entender o caso
Um vídeo, transmitido na rede de televisão AFP, mostrou policiais armados escoltando Rimsha, cujo rosto estava coberto com um lenço verde, até um helicóptero. De lá, ela voou para longe da penitenciária de Adiala.
Ela foi liberada depois de ter sido mantida na cadeia por mais de três semanas, acusada de queimar páginas que continham versos do Alcorão.
As acusações contra Rimsha desmoronaram depois que um homem disse à polícia que tinha visto o clérigo que a denunciou, plantando as provas que foram usadas contra a menina.
O caso da paquistanesa tem provocado uma intensa discussão internacional por causa de sua idade e os relatos de que apresenta problemas mentais.
Um relatório médico oficial concluiu que Rimsha tem cerca de 14 anos, porém, seu desenvolvimento mental não corresponde à sua idade.
Uma ONG chamada "Cristãos no Paquistão" já havia relatado em seu website que a menina é portadora de Síndrome de Down.
Grupos de direitos humanos alertaram que a controversa lei do Paquistão é frequentemente usada para o acerto pessoal de contas ou para a perseguição de minorias, como os cristãos.
No ano passado, o governador de Punjab, Salmaan Taseer, e o ministro para Assuntos das Minorias Religiosas, Shahbaz Bhatti, um cristão, foram mortos a tiros por extremistas depois que criticaram a lei da blasfêmia.
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