Moradores de uma vila no Estado de Jharkhand prepararam uma emboscada para matar o obreiro cristão Ajay Topno. Ele foi morto a tiros por ter levado ao cristianismo três famílias da tribo.
Ajay, de 38 anos, trabalhava na organização Rádio Trans Mundial. Ele foi encontrado morto com feridas de balas no dia 19 de setembro, em uma selva próxima à vila Sahoda, no distrito de Ranchi.
“Três famílias de Sahoda se converteram ao cristianismo e isso enfureceu alguns dos moradores, que se reuniram e decidiram ‘re-converter’ as famílias ao hinduísmo”, comentou o inspetor de polícia Rajesh Mandal, da delegacia de Lapung. “Depois de re-converter as famílias cristãs, os moradores prepararam o assassinato de Ajay, contratando um criminoso da região para o matar.”
Ele acrescentou que há muitos criminosos na região.
O inspetor Rajesh disse que alguns moradores da vila fugiram depois que o corpo de Ajay foi encontrado. Ele assegurou que os culpados logo serão detidos. “Uma vez que moradores da vila estão envolvidos no assassinato, ninguém de lá vai testemunhar. Mas estamos confiantes de que poderemos prender os culpados logo.”
O falecido obreiro costumava ir a Sahoda ocasionalmente com um amigo, que dirigia cultos dominicais na vila. O amigo interrompeu as visitas com o aumento da pressão, mas Ajay não estava ciente da situação.
Autoria controveresa
A unidade do Conselho Geral dos Cristãos da Índia (AICC, sigla em inglês) em Jharkhand disse em nota que Ajay saiu de sua casa no dia 16 de setembro, dizendo a sua esposa que ia a Sahoda. Ele não voltou desde então.
A nota da AICC citou a edição regional em hindi do jornal Dainik Jagran, que dizia que alguns moradores da vila perseguiram as três famílias ex-hindus em Sahoda no dia 11 de setembro.
Dois dias mais tarde, o jornal relatou que o grupo extremista Adivasi Sarna Samiti (Comitê de Religião Tribal) disse aos moradores de Sahoda que deveriam atacar obreiros cristãos em vez de convertidos. O grupo escolheu Ajay, acusando-o de usar atrativos para converter as pessoas.
No dia seguinte, 14 de setembro, as três famílias convertidas, que voltaram à vila depois do incidente de 11 de setembro, foram “re-convertidas” em cerimônia dirigida por extremistas do Rashtriya Swayamsevak Sangh e Hindu Jagran Manch (Fórum pelo Reavivamento do Hinduísmo), segundo o jornal Dainik Jagran.
Em 20 de setembro, outros jornais locais, como o The Hindustan Times e The Telegraph, falaram que Ajay havia sido morto por um grupo separatista, o Tigres da Libertação de Jharkhand – informação que o inspetor Rajesh negou categoricamente, dizendo que a ação havia sido cometida por um criminoso local a mando de moradores da vila.
“O assassinato de Ajay amedrontou os cristãos do lugar”, afirmou a AICC. “Toda a comunidade cristã de Jharkhand está chocada e triste.”
A nota da AICC também pede que a polícia proteja os cristãos da área. Jharkhand tem uma população de 27 milhões, um milhão deles é cristão.
Embora Jharkhand seja governado pelo Congresso do Partido, extremistas hindus são ativos em muitos bolsões, tendo em vista o número considerável de pessoas no Estado que é tribal ou aborígine. Extremistas acusam cristãos de usar atrativos para converter os tribais, dos quais a maioria é pobre e não-educada.
Estima-se que 20% dos cristãos da Índia sejam tribais. Os tribais seguem as religiões de seus ancestrais, e não o hinduísmo; entretanto, os nacionalistas hindus afirmam que os tribais seguem o hinduísmo.
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