Advogados atuando em favor do reverendo Nguyen Hong Quang informaram à sua esposa semana passada que o apelo ante a Suprema Corte Popular do Vietnã foi remarcado para o dia 12 de abril. O apelo, que também foi apresentado em favor do companheiro do pastor menonita, Pham Ngoc Thach, foi cancelado sem explicações apenas um dia antes de seu acontecimento, originalmente no dia 2 de fevereiro.
A nova data dá à defesa apenas 12 dias de preparo para a audiência.
Quang e cinco colegas foram acusados de "resistência a oficiais legais que faziam sua obrigação", em conexão com o incidente de 2 de março de 2004, envolvendo dois agentes governamentais à paisana, designados para manter a casa e a igreja do pastor sob vigilância. Em novembro, a corte sentenciou Quang, secretário geral da Igreja menonita do Vietnã, a três anos de prisão.
Três dos "seis menonitas" - como Quang e seus companheiros se tornaram conhecidos - foram libertados depois de cumprirem suas respectivas sentenças. Eles disseram que foram escolhidos para tortura e privação (de alimentos, por exemplo) porque eram cristãos - e foram persuadidos para testemunharem contra Quang.
As autoridades vietnamitas têm estado engajadas em intensos esforços para aplacarem a crítica internacional às restrições do país à liberdade religiosa. Desde o primeiro julgamento e acusação dos seis menonitas em 12 de novembro, o governo publicou uma nova Ordenança sobre Religião e um decreto sobre a implementação de suas provisões.
O Primeiro Ministro também emitiu "Instruções Acerca dos Protestantes", no dia 4 de fevereiro. Essas ações, de acordo com a classificação feita pelo Departamento dos EUA sobre o Vietnã em setembro passado, são consideradas como sendo um "País de Preocupação Particular" por sérias ofensas à liberdade religiosa.
"A crítica internacional tem conseguido ganhar claramente a atenção do Vietnã", uma fonte disse a Compass. "Mas não é certo o que o anúncio dessas novas medidas significará para os cristãos enlutados do Vietnã - especialmente as minorias étnicas que representam a maioria dos protestantes cristãos".
"Nas últimas semanas entrevistamos cristãos hmongs apavorados, das províncias do noroeste, que fugiram para países vizinhos sob ameaças. E o registro recente de várias centenas de igrejas montagnards nas Áreas Montanhosas Centrais pode ser duramente visto como um progresso significante".
Enquanto isso, o jornal vietnamita Viet Bao publicou afirmações do embaixador dos EUA ao Vietnã, Michael Marine, relacionadas aos seis menonitas, que parecem ser inconsistentes com o apoio dos EUA aos direitos humanos e liberdade religiosa no Vietnã.
De acordo com o Viet Bao, Michael se encontrou com um grupo vietnamita em San Francisco no dia 21 de março. O grupo perguntou a Michael se a prisão de Quang não era uma evidência da contínua perseguição religiosa.
Viet Bao disse que Michael respondeu dizendo que Quang havia se oposto violentamente à política de segurança. "Nos Estados Unidos, se alguém se opõe à política, ele também será detido", foi o que Michael disse, de acordo com o reportado. "A América continuará sempre a idealizar os direitos humanos, mas reconhece que cada país faz as coisas a sua própria maneira".
Uma fonte do Departamento de Estado confirmou dia 4 de abril a Compass que a reunião de San Francisco aconteceu e descreveu a discussão como "aberta e justa". Entretanto, a fonte descreveu as notas produzidas pelo Viet Bao como uma "coleção de comentários selecionados" que representam erroneamente as afirmações do embaixador Michael.
De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, Michael não disse que Quang se opusera à política de segurança, mas apenas admitiu que "Nos Estados Unidos, se alguém impedir um oficial de polícia, essa pessoa será objeto de processo".
O embaixador, segundo as notícias, acrescentou: "Os EUA apóiam fortemente as normas internacionais de proteção aos direitos humanos. Está claro que o Vietnã não está observando essas normas no momento".
A fonte do Departamento de Estado disse que Michael afirmou então que ele está confiante de que o governo vietnamita melhorará seus registros de direitos humanos quando se convencer de que deve agir assim.
O embaixador Michael em pessoa destacou a questão de Quang junto ao governo do Vietnã, pedindo um julgamento e tratamento humanitário aos prisioneiros. Ele, conforme foi dito, arranjou para que um dos seis menonitas, a srta. Le Thi Hong Lien, seja transferida para o Hospital Psiquiátrico de Bien Hoa no final de fevereiro.
Devido aos abusos sofridos enquanto estava sob a custódia da polícia, Le está sofrendo de severos traumas físicos e emocionais. Seus pais dizem que sua filha, uma professora bíblica de 21 anos, "perdeu o controle das suas funções corporais". Oficiais da prisão aparentemente disseram ao casal que sua filha está mentalmente desordenada.
Depois de visitar Le no dia 23 de março, seu pai disse: "Estou convencido de que durante as nossas visitas, os policiais modificam seu comportamento e falam gentilmente. Mas na maior parte do tempo, na verdade, eles ameaçam a minha filha como uma prisioneira desprezada, um caso de débil mental, alguém abaixo deles".
"Também acredito que eles violaram os direitos das mulheres e sua privacidade, especialmente os de minha filha. Cada vez que a visito, vejo que não lhes dão comida o suficiente. Eu disse a minha família que é como se minha filha estivesse encurralada por lobos".
Com os pastores Quang e Thach encarando seu julgamento de apelo e a srta. Le em um hospital psiquiátrico, os cristãos no Vietnã observarão jejum e oração no dia 11 e 12 de abril para expressarem solidariedade aos prisioneiros. Eles convidaram outras pessoas em todo o mundo para se unirem a eles.
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