Menorá do Templo de Salomão estaria escondida no Vaticano
Estudiosos divergem sobre a veracidade das informações
Existem muitas lendas relacionadas com o templo construído por Salomão segundo a direção de Deus e sua versão ampliada, obra de Herodes, que governava a Judeia na época de Cristo. O assunto voltou a ser amplamente debatido após o sucesso do filme “Os Caçadores da Arca Perdida” na década de 1980.
Ao longo de quase 2.000 anos, diferentes histórias sugerem os prováveis destinos dos objetos judaicos sagrados que foram pilhados do Templo pelo general romano Tito no ano 70. A peça mais vistosa era uma Menorá de ouro maciço com o tamanho aproximado de um homem.
Uma das teorias mais amplamente divulgada entre grupos judeus é que esses artefatos estão escondidos dentro do Vaticano, que teria herdado muito da riqueza do Império Romano. Há apenas um problema, dizem os estudiosos: Isso não é verdade.
Steven Fine, professor de história judaica na Universidade Yeshiva, dedicou as últimas duas décadas desmentindo essas histórias. Escreveu inclusive um livro sobre o assunto, que deve lançar em breve. Nos últimos meses, mais um capítulo dessa teoria foi acrescentado. No final de maio, Fine tomou conhecimento de uma carta aberta de Yonatan Shtencel, um dos mais influentes rabinos de Israel, ao então presidente Shimon Peres. Nele, havia o pedido para que Peres pedisse formalmente ao Vaticano para devolver a Menorá.
De modo oficial, o assunto não foi levantado por Peres e sua comitiva na visita do papa Francisco a três meses atrás. Mas Shimon Shetreet, ex-ministro israelense de Assuntos Religiosos, veio a público dizer que falou sobre os artefatos durante um encontro com o Papa João Paulo II, em 1996. Também pediu uma posição do secretário de Estado do Vaticano na época, mas jamais obteve resposta.
Na verdade, o Vaticano respondeu formalmente ao The Wall Street Journal, negando tais acusações. “Eu já tinha ouvido uma vez rumores sobre a tal história. Mas nunca pensei que fosse algo digno de atenção”, disse Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.
Paolo Liverani, professor da Universidade de Florença, afirma que recebia cartas todos os anos perguntando sobre a Menorá, quando trabalhava como curador no museu do Vaticano, mas afirma que jamais viu os artefatos sagrados no acervo do Vaticano.
O fundamento para acusar o Vaticano de estar com a Menorá é bastante frágil. Existe um monumento antigo, bastante conhecido, chamado “o Arco de Tito”. Ele mostra um desfile que ocorreu nas ruas de Roma no ano 71, em comemoração à vitória do exército do general em Jerusalém. Nele pode ser visto claramente a Menorá sagrada sendo carregada.
“Ninguém pode negar que eles foram levados para Roma”, enfatiza Shetreet. “A questão é o que aconteceu depois. O assunto se encaixa mais na categoria de lendas e rumores”.
Estudiosos dizem que a ideia de que o Vaticano poderia estar com peças do Templo surgiu durante as décadas de 1950 e 60, quando a Santa Sé procurava melhorar suas relações com os judeus. Especialmente por causa de eventos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial.
“Há milhares de manuscritos e antiguidades perdidas”, disse o professor Lawrence Schiffman, diretor do Instituto Mundial de Pesquisa Avançada em Estudos Judaicos da Universidade de Nova York. “Muitos são reais, mas essa do Vaticano não é”, ressalta. Para ele, não há evidências históricas concretas.
Embora o Arco de Tito e antigas fontes rabínicas confirmem que peças do Templo foram para Roma, isso não significa que acabaram em algum depósito do Vaticano, instituição que seria fundada séculos mais tarde.
Existem várias outras versões para o destino final do Menorá, pois a restauração do Templo está relacionada com a vinda do Messias segundo a tradição judaica. Alguns estudiosos apontam que ele estaria escondido em uma caverna na Galileia; outros dizem que está submerso na lama sob o rio Tibre, em Roma, um grupo afirma ainda que ele está enterrado sob um mosteiro na Cisjordânia.
É Inegável o fato que o Terceiro Templo tem recebido muita atenção nos últimos anos, possivelmente desde a formação do Estado de Israel (em 1948) não se falava tanto no assunto. Disposto a não esperar pela recuperação da Menorá original, o Instituto do Templo tem investido na formação dos levitas e já fez todas as peças necessárias para seu interior, seguindo rigorosamente as indicações bíblicas. No momento, estão inclusive arrecadando fundos para sua construção.
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