Durante séculos, milhões de peregrinos cristãos visitaram a Terra Santa para orar nos templos santos. Cristãos palestinos de todas as denominações foram os responsáveis pela construção desses templos para adoração ao longo dos tempos e sempre gozaram de liberdade religiosa, sem enfrentar nenhum problema com seus vizinhos muçulmanos.
A situação começou a mudar na última década, depois que a Autoridade Palestina, instituição governamental semi-autônoma que detém o controle sobre os assuntos de segurança e civis nas áreas urbanas palestinas, começou a controlar a maior parte da Terra Santa.
O número de islâmicos fundamentalistas aumentou e a boa relação entre as duas religiões começou a ruir. Conforme o número de islâmicos crescia, o desrespeito às leis aumentava nos territórios onde militantes islâmicos encorajavam atos – às vezes ilegais – para o avanço de sua causa.
Os cristãos contam que agora experimentam um sentimento anticristão da parte dos muçulmanos. Isso vai de xingamentos e acusações até espancamentos e assassinatos. Os cristãos foram proibidos de celebrarem seus feriados. Em dezembro, o governo do Hamas em Gaza baniu todas as celebrações pelo ano-novo e pelo primeiro dia do ano cristão, um feriado tradicional.
Na Cisjordânia, um grupo islâmico chamado Guardiões da Sharia (a lei islâmica) preveniu os moradores a não comemorarem os feriados de fim de ano.
Expulsão de terras e profanação de igrejas
Além de serem extorquidos e terem suas terras tomadas por oficiais da Autoridade Palestina, alguns cristãos contam que não puderam fazer nada enquanto sofriam o que eles chamam de “maior das injustiças”: a destruição e a profanação de suas igrejas.
“Os islâmicos querem nos matar. Esse é o princípio deles, e também sua crença. Eles não querem cristãos neste país. Eles não querem saber nossos nomes, não querem nos ver. Essa é a realidade”, disse o reverendo Tomey Dahoud, líder da Igreja Ortodoxa Grega em Taubas, cidade próxima a Jenin.
A igreja do Rev. Tomey, construída há mais de um século, vem sendo danificada desde que um salão na entrada da igreja fora atingido por uma bomba em setembro de 2006. O ataque amedrontou as outras 14 igrejas cristãs em Taubas, causando um considerável decréscimo no número de membros.
“Tivemos problemas com os muçulmanos, mas eles nunca tocaram na casa de Deus”, explicou o reverendo. “O que significa incendiar uma igreja? É um crime, um ato de terrorismo”.
Os remanescentes
Em Tulkaram, cidade da Cisjordânia, a última família cristã que tomava conta da Igreja Ortodoxa Grega, datada de mais de 200 anos, disse que não agüenta mais a intolerância e que precisa praticar sua religião em liberdade.
“Estamos preparando nossa mudança para o exterior, para um lugar onde possamos viver uma vida melhor sendo cristãos”, disse o reverendo Dahoud Dimitry, que liderava a paróquia São Jorge da Igreja Ortodoxa Grega em Tulkaram, incendiada em 16 de setembro de 2006, em um ataque criminoso.
Há mais de 30 anos, a comunidade cristã era próxima a 2.000 pessoas, agora, os familiares do Rev. Dahoud são os únicos 12 cristãos remanescentes nessa fortaleza islâmica.
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