"Cadê quem me perguntou se era um milagre? Hoje foi um milagre".

Thiago Braz, campeão e recordista olímpico, começou assim sua conversa com jornalistas brasileiros após saltar 6.03 m no salto com vara, conquistar o título da Rio-2016 na prova e, de quebra, dar o maior salto da história da competição.

No sábado (14), quando competiu na eliminatória e quase foi eliminado ao queimar 5.45 m duas vezes, Braz decidiu, na terceira tentativa, avançar direto para 5.60 m. Se errasse, ficaria fora da final, mas acabou acertando o salto. Na entrevista, ouviu de um jornalista se tinha sido um milagre, e concordou.

"Se daquela vez foi milagre, hoje [segunda], também foi", disse o brasileiro de 22 anos, natural de Marília (SP).

Braz disse, três horas depois da conquista,e que ainda não acreditava no que tinha acontecido. "Estou pensando que ganhei o ouro, e parece não ser verdade", afirmou.

O saltador é cristão, e não cansou de citar Deus na entrevista. E contou quando estava em desvantagem contra o francês Renaud Lavillenie, 29, que passou de primeira os 5.98 m, Braz ousou e subiu o sarrafo para 6.03 m. Falhou na primeira, mas estava testando a vara. Na segunda, saltou e foi campeão.

"Na hora veio na minha cabeça para colocar em 6.03 m. Eu então fui falar com o meu técnico [o ucraniano Vitaly Petrov] e ele me disse o mesmo, coloca no 6.03m. Eu pensei, é coisa de Deus, vamos ver se Deus está certo e vamos ganhar", afirmou Braz.

Antes da prova, ele também conversou com seu pastor, que disse que ganharia. O brasileiro acha que a vitória pode colocar o salto com varas em um nível novo de interesse para os brasileiros. O Engenhão não estava lotado nesta segunda chuvosa no Rio, mas os torcedores deixaram o estádio gritando "é, campeão, é campeão".

"É um resultado incrível. Eu talvez tivesse imaginado em um bronze, talvez. Mas quando vi ali que podia brigar pelo ouro, o que eu tinha a perder? É isso que acho importante no esporte, e acho que tem que ser esse sentimento", disse o campeão.