Aqueles que se casarem e converterem ao islamismo membros da população indígena seminômade receberão um prêmio. O estado de Kelantan, norte do país, determinou que os muçulmanos que se casarem com um "orang asli" - habitantes indígenas do país, de tradição animista - receberão 2.700 dólares, assim como acomodação gratuita, um veículo e uma pensão mensal de 1.270 dólares.
A lei na Malásia, um país de maioria muçulmana, estipula que quem quiser se casar com um muçulmano precisa se converter ao islamismo. Kelantan é o único estado governado pelo Partido Islâmico Pan-malaio, um partido político oposicionista que nasceu do extremismo islâmico.
O presidente do Comitê de Assuntos Religiosos de Kelantan, Hassan Mohamood, disse: "Não estamos satisfeitos com o baixo número de 'orang asli' que abraçam o islã e por isso pensamos em algumas maneiras de motivá-los". Ele afirmou que dos 12.900 "orang asli" do Estado, apenas 2.902 se converteram.
A medida despertou protestos de membros da comunidade muçulmana e também de outras religiões, porque se configura como uma violação dos direitos humanos. Colin Nicholas, diretor do Centro para os Interesses dos Orang Asli, disse: "Essa política discrimina os povos indígenas e demonstra a grande falta de respeito por sua cultura e religião".
Desperdício de dinheiro público
A maioria dos 180 mil "orang asli" malaios, os habitantes originais do país, vivem na pobreza e na marginalização. Alguns permanecem como nômades e outros vivem em assentamentos administrados pelo governo, ganhando a vida vendendo produtos naturais.
A. Sivanesan, um defensor dos direitos humanos, disse que o governo de Kelantan foi longe demais ao interferir de tal maneira na intimidade das pessoas. "O sistema de premiação é uma forma de corrupção e uma maneira de desperdiçar os impostos. O que vai impedir um muçulmano de se casar com uma "orang asli" para receber o prêmio, para apenas se divorciar dela em seguida e casar-se com outra?", questiona ele.
Até as autoridades muçulmanas de Kelantan se opuseram à iniciativa, mas o líder do partido alegou que a premiação era justificável.
"Dinheiro, casa e carro são apenas um modo de ajudar os jovens casais e não uma discriminação", justificou Mahfuz Omar, membro do partido governante.
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