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Fechamento de igreja cristã gera debate público

Membros de uma igreja protestante na Indonésia ainda estão esperando por uma solução a respeito de um incidente com vizinhos muçulmanos que atacaram a igreja em 24 de outubro. Conseqüentemente, a igreja foi interceptada pelas autoridades.


De acordo com o jornal Komintra News, este foi o terceiro incidente violento desde que a Igreja Cristã da Indonésia Nusantara (Gereja Kristen Injili Nusantara) foi estabelecida em 1997, em Puri Kosambi, Karawang. 

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Em 23 de outubro, os membros do coro haviam se reunido na igreja a fim de ensaiar para os cultos do dia seguinte. Entretanto, os vizinhos muçulmanos reclamaram sobre o barulho, exigindo que interrompessem o ensaio.
Na noite seguinte, o oficial de polícia abordou o pastor que residia na igreja e o advertiu para fugir. Não muito tempo depois que a família havia abandonado as premissas, um grupo de arruaceiros de aproximadamente 500 pessoas apareceu e começou a destruir a igreja.
Os agressores foram identificados em artigos divulgados pela imprensa como membros do Islamismo Pembela de Frente (IPF) ou da Frente dos Defensores Islâmicos. O jornal Kominstra informou que cadeiras foram destruídas e o telhado do prédio foi danificado. Além disso, de acordo com a Voz dos Mártires, o aparelho de som, bancos, portas e janelas, também, foram destruídos.
Desde o ataque, a igreja não pôde prosseguir com os cultos. Em 25 de outubro, membros do IPF conduziram-se às autoridades locais e exigiram que a igreja fosse permanentemente fechada, apesar de os Negócios Religiosos Regionais terem concedido permissão à congregação para realizar cultos.
Neste momento de pressão, a polícia está investigando se há fundamento legal para fechar, permanentemente, a igreja.
Em 12 de novembro, Komintra relatou que o pastor Suhardi e sua família ainda estavam vivendo em acomodações temporárias enquanto os membros da igreja freqüentavam os cultos em uma outra igreja, na mesma cidade.
Neste ínterim, os resultados de uma pesquisa publicada em 11 de novembro indicam que uma porcentagem de indonésios é tolerante às pessoas de outras crenças. O Instituto Liberdade, a Rede do Islamismo Liberal e o Centro para Estudos Islâmicos e da Comunidade da Universidade do Estado de Syarif Hidayatullah, conjuntamente, conduziram uma pesquisa de mais de mil entrevistados, realizada nos primeiros dias de novembro, em todas as 32 províncias da Indonésia.
Os resultados da pesquisa, publicados no jornal The Jakarta Post, mostraram que 40.8 % dos entrevistados muçulmanos não concordam que os cristãos conduzam cultos de adoração na maioria de bairros muçulmanos. Contudo, somente 24.8% se opõem à presença de professores cristãos em escolas públicas.

A pesquisa também descobriu que a maioria dos muçulmanos não concorda com as interpretações radicais do ensinamento islâmico e com os grupos radicais que promovem violência.
"A proporção de aprovação às ações tomadas pelos grupos radicais, a saber, a Frente dos Defensores Islâmicos, o Conselho Indonésio Mujahidin (CIM) e a rede regional terrorista Jemaah Islamiyah (JI), foi consideravelmente baixa", aponta a pesquisa.

Somente 15.9%  dos entrevistados apoiaram os ataques terroristas conduzidos em Bali pelos presos Imam Samudra e Amrozi bin Nurhasyim. Cinqüenta e nove por cento condenaram os ataques enquanto 25.2% recusaram emitir opinião.

O pesquisador Sjaiful Mujani afirmou que os resultados mostraram que o público era ambivalente a respeito das diferenças religiosas. "Embora eles sejam contra as ações terroristas conduzidas em nome dos muçulmanos, em geral, um número de muçulmanos no país demonstra ser intolerante àqueles que concordam com as diferentes crenças religiosas, especialmente, os cristãos", disse ele ao jornal The Jakarta Post.

Neste ínterim, um editorial no jornal The Jakarta Post, em 11 de novembro, disse que o fechamento forçado da Escola Católica Sang Timur em Tangerang, provocou uma discussão sobre a liberdade religiosa assegurada pela constituição de 1945. 
"Desta vez, o governo não pôde mais varrer a discórdia para debaixo do tapete e fingir que não aconteceu nada sério", afirmou o editorial. "O incidente de Sang Timur foi uma demonstração repulsiva de discriminação religiosa, na qual a maioria intimida a minoria e o estado, simplesmente, permite que isto aconteça". 

O escritor também acusou o governo de agravar o problema através da revogação de uma permissão concedida há doze anos, para a realização de Missa Católica na Escola Sang Timur.
O novo ministro dos assuntos religiosos, M. Maftuh Basyuni, insiste em manter o decreto No. 1/BER/mdn-mag/1969, apesar da oposição das minorias religiosas. De acordo com as cláusulas do decreto, "Construir uma igreja é praticamente impossível", continuou o editorial, "não obstante, eles são sujeitas à perseguição ou mesmo violência, se adorarem em um prédio não-autorizado".
Um novo projeto de lei sobre tolerância religiosa, delineado no governo de Megawati, incitou controvérsia. Oponentes afirmam que o projeto de lei, se aprovado, legalizará a discriminação e aumentará as tensões religiosas.
Neste ínterim, em 10 de novembro, um novo conflito emergiu entre os muçulmanos e católicos, no porto de Labuan Bajo, na ilha das Flores, Nusa Tenggara, de acordo com uma informação da agência Agence France-Presse (AFP). O padre Egis Rada Masri, que ensina no seminário católico da ilha, afirmou que um recente influxo de muçulmanos e um novo projeto de construção de uma mesquita estimularam inquietações entre a maioria católica na ilha.

"Alguns querem usar Labuan Bajo como uma porta para expandir a influência islâmica", contou Masri àAFP. "Nós temos visto aqui novos rostos, militantes vindo de Makassa ou Bima, usando roupa e bonés brancos. Eles são missionários do Islamismo".
Residentes da ilha das Flores afirmaram que acreditam que Yusuf Kalla, companheiro de partido do presidente Susilo Bambang Yudhoyono e recém designado como vice-presidente da Indonésia, foi solidário à causa dos militantes islâmicos. "Yusuf Kalla tem ligação com histórias obscuras sobre o incêndio de igrejas", disse um residente.

Pelo menos 80% dos 215 milhões de indonésios são muçulmanos. Até recentemente, muitos muçulmanos aderiram à política nacional de pancasila, ou de tolerância em relação a outras crenças. Contudo, nos recentes anos, uma nova ênfase sobre o ensinamento islâmico radical prejudicou o relacionamento entre muçulmanos e cristãos em muitas partes do país. 

Fonte: https://www.portasabertas.org.br/noticias/2004/11/noticia1497/


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