No dia 5 de julho, oficiais e moradores do vilarejo de Katin, confiscaram e abateram o gado pertencente a nove famílias cristãs em uma tentativa de forçá-los a abandonar sua religião.
Em junho, os anciãos do vilarejo alertaram as famílias, 53 pessoas no total, a renunciar a fé que haviam adotado em maio, ou enfrentariam “graves consequências”.
Quando os cristãos ignoraram esse aviso e foram cultuar em um bairro vizinho, os aldeões invadiram o curral e pegaram um porco por família, para depois abater os animais e dividir a carne entre si.
Os oficiais dizem que o roubo dos porcos – cada um vale o equivalente a seis semanas de salário na média da área – foi uma forma de punir os cristãos por ignorarem a ordem de abandonar o cristianismo.
Algo similar ocorreu em setembro do ano passado, quando oficiais apoderaram-se de um búfalo que valia, aproximadamente, US$350 de um morador cristão identificado apenas como Bounchu, afirmando que o animal seria devolvido somente se o convertido renunciasse sua fé. Quando ele se recusou, eles abateram o animal e distribuíram a carne para moradores não-cristãos.
Alegando ter agido em nome das autoridades do distrito, os oficiais disseram que continuariam a roubar o gado dos aldeões cristãos até que eles renunciem sua fé, senão, o gado não sobreviverá.
Quatro dias antes, em 8 de setembro, as autoridades da província e do distrito realizaram uma reunião no vilarejo, alegando que o governo central do Laos havia ordenado que se agisse assim em casos de abusos de liberdade religiosa na região. Eles conversaram com os líderes e moradores sobre um decreto emitido em 2002 e pediram que todas as partes respeitem as leis religiosas da nação.
Um porta-voz da Human Rights Watch no Laos disse acreditar que não há justificativas legais para os oficiais de Katin confiscarem propriedades particulares. No entanto, tradicionalmente, muitos laosianos acreditam que se os aldeões pararem de adorar os espíritos regionais, eles ficarão ofendidos e só o sacrifício de animais poderá acalmá-los.
Abuso religioso duradouro
Os oficiais em Katin ignoram as necessidades dos cristãos. Há cerca de um ano atrás, em 21 de julho, 80 cristãos foram presos no vilarejo depois que os moradores sequestraram um cristão identificado apenas como Pew e o forçou a beber saquê até ser morto por asfixia.
Quando os familiares enterraram Pew, e colocaram uma cruz de madeira em seu túmulo, os oficiais os acusaram de “praticar rituais do inimigo do Estado” e pediram um búfalo e um porco como multa.
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