Depois da repercussão da história do estudante mineiro Ciel Vieira, que afirma ter sofrido bulliyng por não participar de oração na sala de aula, novos casos semelhantes têm surgido pelo país. Na última semana um estudante de 16 anos do Colégio Estadual General Carneiro, em Roncador, a 400 km de Curitiba (PR), relatou que foi retirado da sala por não participar das orações promovidas por uma professora da escola.
Segundo o aluno do 1º ano do Ensino Médio, a professora de inglês entrou na sala e mandou todo mundo levantar para participar da oração. “Eu e mais um menino ficamos sentados e ela falou pra gente se retirar da sala. Saímos e quando terminou a oração, ela nos chamou”, conta o estudante, que diz ter se sentido discriminado pela atitude da professora. “Me senti como se fosse pior que os outros alunos”, afirmou.
“Fiquei muito bravo, não gostei. Eles não poderiam ter feito isso, foi muita falta de respeito”, disse o estudante, que após conversar com seu tio, que também é ateu procurou a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), para denunciar a escola. Ele afirma que a intenção inicial era de procurar o Fórum da cidade para denunciar a escola, mas que entrou em contato com a Atea, através de uma rede social, e foi orientado a falar diretamente com o colégio.
A Atea enviou um ofício à escola, falando sobre os direitos legais de ateus e agnósticos. “Ademais, o art.3 da CF afirma que ‘constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil… IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação’. Uma oração única e obrigatória constitui ação claramente discriminatória contra todos aqueles que não são contemplados por ela, também violando a Lei Maior”, diz um trecho do documento.
De acordo com o G1, a direção da escola afirmou que o problema foi resolvido e que o conselho diretor determinou que não pode mais haver rezas em salas de aula. Porém, a diretora da escola afirmou que as orações eram um costume na escola: “A cidade tem dois padroeiros e a maior parte da comunidade é religiosa. Todos são habituados a ficar em pé e rezar. (…) A professora não fez isso pra constrangê-lo ou discriminar”, afirmou.
Depois da decisão, o estudante disse que a medida pode ajudar a acabar com preconceito contra quem é ateu.
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