PARÁ – O encontro da governadora, Ana Júlia Carepa, com a mãe da menina presa, em Abaetetuba, numa cela masculina, foi marcado pela emoção e solidariedade, nesta segunda-feira (3). “Nós ficamos indignados com tudo isso que aconteceu”, disse a governadora à dona Francicléia Félix Alves, 44 anos.

A família da adolescente L., está sob proteção do governo do Estado, em endereço não divulgado, por medida de segurança. “A senhora não ficará sem assistência”, garantiu a governadora Ana Júlia Carepa, após uma conversa reservada que durou mais de uma hora. A secretária de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Socorro Gomes, acompanhou o diálogo.

Depois de ouvir a dramática história contada pela mãe de L., que ganhou destaque nos noticiários nacional e internacional nos últimos dias, a governadora disse que o Estado vai garantir pensão de dois salários mínimos para a adolescente, além de assistência psicossocial.

“Assinarei um projeto de lei, que será encaminhado à Assembléia Legislativa, instituindo pensão de dois salários mínimos para sua filha”, disse Ana Júlia Carepa. A governadora ouviu com atenção as queixas da família de dona Francicléia, que teve de se privar do convívio social, depois do episódio ocorrido em Abaetetuba.

Solidariedade – A visita da governadora aos familiares da adolescente presa em Abaetetuba foi interpretada como um gesto de solidariedade pela mãe da menina. Dona Francicléia disse que só o fato de a governadora ter ido ao seu encontro já demonstra a atitude de quem quer ajudar.

“Quando eu fico sozinha, começo a chorar e a pensar na situação da nossa vida”, disse ela, saudosa da filha, que também está sob proteção especial. “Mas a gente vai vencer, em nome do Senhor Jesus”, exclamou dona Francicléia, uma evangélica não praticante. Apesar das dificuldades que enfrenta, ela mantém o senso de humor.

A mãe de L., fez a governadora sorrir, em vários momentos, com seu jeito simples e espontâneo. Ela revelou que, nas eleições de 2006, votou em Ana Júlia Carepa e chegou a reclamar na seção eleitoral porque a foto da candidata não aparecera na urna eletrônica. “Eu amo o PT”, disse, “votei nela no primeiro e no segundo turno”.

Eleições à parte, dona Cléia, como é chamada, quer mesmo é que tudo isso acabe logo e volte a ter uma vida normal. “A minha vida antes era muito feliz. Andava pra onde eu queria, ia pro supermercado, ia pra praia, ia pra casa dos meus vizinhos…Espero ter uma vida de felicidade no futuro”, afirmou.

Imprensa – “Eu estou cheia da imprensa”, disse dona Francicleia Félix Alves, em conversa com a governadora Ana Júlia Carepa, nesta segunda-feira (3). A mãe de L., a adolescente que ficou presa com homens em Abaetetuba, queixa-se do assédio que sofreu após a divulgação do episódio.

Os familiares da menina reclamaram do sensacionalismo em que o caso se transformou nos últimos dias. “Disseram até que tinham gravado as imagens da adolescente na cela e que estariam vendendo a cópia da gravação por cem reais, em Abaeté”, disse um dos irmãos de L.

O tratamento da Polícia Civil e do Poder Judiciário também foi assunto abordado pelos familiares da vitima, durante a conversa com a governadora. “Eu passei a não confiar na Polícia”, disse dona Cléia. O desabafo da mãe foi compreendido, mas, ao final Ana Júlia Carepa ponderou: “Não se pode generalizar. Em qualquer canto, também existem os bons profissionais”.