Após 21 dias de jejum e oração em um monte no Rio de Janeiro, Cabo Daciolo, voltou a participar de um debate na TV. Promovido pelo SBT, o programa que deveria apresentar as ideias de cada candidato serviu, mais uma vez, para evidenciar que a maioria está só preocupada em atacar Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL).

Isso faz parte do processo democrático, mas as redes sociais indicam que o “vencedor” do debate foi Daciolo justamente porque ele destoa dos demais. Além de fazer denúncias sobre o domínio dos banqueiros na estrutura política do país e “enquadrar” Ciro Gomes por sua hipocrisia, ele pregou sua mensagem evangelística de que Jesus é a solução para o país.

Como de costume, levou sua Bíblia para o estúdio e citou trechos em meio as respostas que deu aos jornalistas e outros candidatos. Além de repetir o que se tornou seu bordão de campanha: “glória a Deus”, também arrancou risos ao mandar beijos para sua mãe e esposa, que estavam no estúdio. Guilherme Boulos (PSOL) chegou a dizer que todos estavam com saudade do Cabo, que não participou dos debates da Gazeta e da TV Aparecida.

Apesar de registrar apenas 1% nas pesquisas de intenção de voto, o presidenciável do Patriota redarguiu que é preciso usar a fé e por isso “profetizou” que vencerá com 51% dos votos.

O número de menções nas redes sociais, sobretudo no Twitter, indicam que seus posicionamentos agradaram o público que assistia de casa. Apesar de seu discurso majoritariamente conservador, ecoou o discurso em prol das “minorias”, insistindo que o Brasil tem uma dívida histórica com os índios, quilombolas e mulheres.

Também surpreendeu ao defendendo pautas históricas das esquerda, como o sistema de cotas.  “Com certeza sou favorável às cotas, e vou fazer um trabalho mais amplo. As pessoas tratam o ser humano como se fosse nada”.

Jornais de expressão como o “Estado de Minas”, a revista “Veja” e até a esquerdista “Revista Fórum” deram destaque à participação do bombeiro ou decretaram que ele “venceu o debate”. O RD1, site especializado em TV do portal “Terra” chegou a dizer que ele se consagrou como novo “mito”. O UOL acredita que ele “roubou a cena”.

Nada mal para um candidato que abriu mão do fundo eleitoral e afirmou ter gastado pouco mais de 700 reais até agora em sua campanha, enquanto alguns dos que estavam no mesmo estúdio gastaram milhões e não “decolaram” por falta de carisma ou de propostas.

No final do programa, o nome de Daciolo ocupava o segundo lugar nos trending topics, atrás apenas da tag do próprio debate. Agora é esperar para que sua popularidade virtual se materialize nas pesquisas para que ele possa chegar aos 6% e participar do que promete ser o debate mais assistido de todos, na Globo dia 4 de outubro.