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O terror que a fé justifica

Nablus, Cisjordânia, 16 de março de 2004: Abdullah Quraan, 11 anos, foi detido por soldados israelenses quando carregava bombas atadas a seu corpo por militantes palestinos.

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Dependendo do leitor, a Bíblia pode ser a mais perigosa arma de destruição em massa. O diagnóstico é de Jessica Stern, professora da Universidade de Harvard e especialista em terrorismo e armas de destruição em massa. Nos últimos quatro anos, a pesquisadora americana ficou frente a frente com uma centena de líderes extremistas de diferentes religiões - do cristianismo ao judaísmo. Para realizar as entrevistas, ela esteve no Líbano, Jordânia, Palestina, Israel, Índia, Indonésia, Paquistão e no próprio interior dos EUA. O resultado está no livro Terror em Nome de Deus (Editora Barcarolla), recentemente publicado no Brasil.

Jessica Stern intensificou suas pesquisas depois dos atentados terroristas nos EUA, em 11 de setembro. Para ela, a melhor estratégia no combate aos terroristas é desvendar o que se passa em seus corações e mentes. Judia e mulher, estava consciente de que seria alvo fácil nas mãos de terroristas. Para chegar até eles, negociou com líderes locais, visitou prisões, pediu auxílio a moradores e agendou, até mesmo por e-mail, algumas das entrevistas com organizações terroristas. As conversas ocorreram nas situações mais inusitadas: ora ela estava em esconderijos no deserto, cercada por seguranças e explosivos; ora era recebida em campos de treinamento para um amistoso chá da tarde. Chegou a conversar sobre culinária, em um trailer, com um neonazista aposentado.

Como diretora do Conselho de Segurança Nacional do governo Bill Clinton, Jessica foi enviada a Moscou com a missão de impedir o contrabando de armas do antigo arsenal soviético. A pesquisadora de 45 anos foi interpretada pela atriz Nicole Kidman, em O Pacificador (1997). Não sou a supermulher do filme, que passa 24 horas farejando armas químicas. Adoro fazer coisas banais, como cozinhar muffin com meus filhos. Mas fiquei feliz com o resultado, pois o filme previu a possibilidade de um ataque terrorista avassalador nos EUA, conta. Apesar de negar o rótulo de supermulher, a pesquisadora admite ser uma intelectual atípica em Harvard: Os pesquisadores, na maioria homens, não botam os pés para fora de seus gabinetes. Dificilmente fariam o que fiz. Em entrevista ao Valor, de Boston, onde vive com o marido - um pacato economista que sofre com as aventuras da mulher - e os dois filhos, Jessica Stern contou um pouco dos bastidores do livro e das diversas facetas do terrorismo.

Valor: A senhora esteve frente a frente com alguns dos principais terroristas do mundo. Qual foi o momento de maior risco?
Jessica Stern: Vários deles achavam que eu trabalhava para a CIA e me diziam que nenhuma espiã sairia viva de seu país. Durante várias entrevistas, temi que me envenenassem ou seqüestrassem. Mas não faria sentido, porque todos haviam concordado em falar comigo. Eles desejavam ser ouvidos. Alguns queriam, inclusive, me converter à causa deles. O terrorista que mais me assustou foi Fazlur Rahman Khalil, líder do Harkat-ul-Mujahidin, grupo xiita do Paquistão. Ele parecia a figura do próprio possesso. Admirava Hitler e se dizia amigo pessoal de Osama bin Laden. Eles treinaram juntos no Afeganistão. Foi uma entrevista tensa e cercada de seguranças. Conversamos sentados no chão de um escritório imundo em Islamabad. Khalil tinha olhos hipnóticos, pensei que estivesse drogado. Ele me disse que sua única droga era o Corão.

Valor: Nas entrevistas, foi possível sentir simpatia ou empatia por algum terrorista?

Stern: Sim. Eles têm uma verborragia impressionante. Dentre os mais carismáticos está o americano Michael Bray, da igreja luterana. Ele é o mentor intelectual e líder do movimento Salvação dos Bebês. Trata-se de um grupo que apóia o assassinato de médicos e o ataque a clínicas de aborto. Bonito, inteligente e charmoso, pude entender por que tinha uma legião de seguidores. Praticante de ioga, meditação e alimentação natural, amante da poesia, o reverendo Bray poderia se passar por alguém saudável e culto, não fosse por sua peculiar leitura da Bíblia: A violência passa a ser moral, de acordo com a finalidade.

Valor: Algum terrorista se mostrou arrependido de seus crimes?

Stern: Sim. Firdous Syed, um alto dirigente da organização jihadista da Caxemira, me disse estar desiludido com a guerra santa. Ele buscava reviver a era de ouro da civilização islâmica, mas percebeu que estava administrando um negócio e não uma causa. Confessou ter matado vários membros que o grupo divulgava terem sido mortos como mártires. Ele procurava asilo político. Foi uma exceção dentre os mais de cem terroristas que entrevistei.

Valor: Apesar de, em seu livro, a senhora defender que o terrorismo não tem língua, religião ou idade definidas, para a administração Bush parece haver um rosto bastante claro: o do povo árabe. Essa visão tem fundamento lógico?

Stern: Não. Fanáticos são encontrados em qualquer religião ou lugar do mundo. O terrorismo tem origens ancestrais. O grupo mais antigo de que se tem notícia é, aliás, judeu. Os sicários já atuavam na época de Cristo. Seu objetivo era criar um levante de massa contra gregos e romanos. As técnicas empregadas se resumiam à espada e à adaga. Apesar disso, eram altamente destrutivos e agiam internacionalmente. A psiquê americana mudou depois dos atentados de 11 de setembro. Busca-se mapear os inimigos. Hoje, os terroristas mais ameaçadores para os EUA são os islâmicos, por sua crueldade e extrema organização. Os líderes islâmicos têm se mostrado bem-sucedidos em capitalizar o sentimento de humilhação e desesperança dos jovens. Grande parte dos países muçulmanos é governada por regimes tirânicos e corruptos, o que aumenta a frustração da população.

Valor: A miséria e a religião seriam os principais combustíveis do terrorismo?

Jessica Stern diz que é errônea a idéia de que todo terrorista é árabe, como acredita o governo Bush: Fanáticos são encontrados em qualquer religião ou lugar do mundo; o grupo mais antigo, aliás, é judeu

Stern: Explicam as razões da violência, mas nem todos os terroristas são religiosos e muitos entram nessas organizações por aventura, hobby ou por que recebem bons salários. Com o tempo, o terrorismo vira um trabalho comum. Há alguns anos, um homem-bomba palestino era jovem, desempregado, sem perspectiva de futuro e morador de um acampamento de refugiados. Hoje, têm sido comuns ataques suicidas realizados por mulheres ou jovens de classe média.

Valor: Qual tipo de terrorismo seria mais perigoso: o religioso ou o político?

Stern: Depende da organização terrorista. As Farcs, na Colômbia, podem ser mais fatais do que muitos extremistas religiosos. Mas o terrorismo religioso é pior, porque forças divinas passam a ser uma tecnologia útil para a mobilização. Quando um líder diz que o grupo está atendendo aos pedidos de Deus, ele legitima todo e qualquer ato de barbárie. O terrorista político quer construir um novo Estado, ainda que pela violência. Vários grupos terroristas religiosos baseiam-se em crenças milenares, como a de que é preciso destruir o mundo para, depois, consertá-lo.

Valor: No livro, a senhora diz que os terroristas têm em comum o ressentimento em relação à nova ordem mundial. O que eles entendem por globalização?

Stern: Um militante do Hezbollah definiu globalização como McDonaldização. Ele se referia à disseminação de valores que definia como repulsivos e prejudiciais aos seres humanos. Ayman Zawehiri, da Al Qaeda, acusou as forças ocidentais de empregarem instituições internacionais, corporações multinacionais e agências de notícias como armas para dominar o mundo islâmico. Mas esse não é um sentimento comum apenas aos muçulmanos. Vários fanáticos cristãos, como os da Cristandade da Identidade, afirmam que o FMI e o Banco Mundial são representações literais do anti-cristo e devem ser combatidas.

Valor: Mas, ao mesmo tempo, os terroristas não estão se tornando globais?

Stern: Eles estão cada vez mais transnacionais. Alguns dos terroristas-suicidas de 11 de setembro tinham vivido e estudado no Ocidente durante anos. A Al-Qaeda estendeu sua rede mundial de contatos via treinamento militar, tráfico de armas ou oferecendo sustentação financeira a grupos baseados em diferentes países. Virou uma franquia.

Valor: Qual é a principal fonte de financiamento do terrorismo? 
Stern: Doações de caridade.

Valor: Quer dizer que o terrorismo virou ONG?

Stern: Sim, e a internet é mais uma aliada nessa auto propaganda. Os terroristas levantam dinheiro de vários modos: gerenciam negócios lícitos e ilícitos, administram bancos informais, cobram donativos beneficentes nas casas de culto, apelam a empresários ricos e simpatizantes da causa. Alguns solicitam recursos para construir hospitais e escolas, mas o dinheiro vai para armas.

Valor: Se o terrorismo é global, não é um erro do governo Bush tentar destruí-lo militarmente?

Stern: É também contraproducente. As células terroristas já estão montadas em muitos países. Destrui-las em um só reacende o foco em outro. Estamos lidando com um inimigo transnacional. É preciso criar leis internacionais padronizadas e assessorar governos para impedir o contrabando de armas de destruição em massa. A luta contra o terror exige uma ampla mobilização - sobretudo, na área diplomática.

Valor: A senhora entrevistou Abdel Aziz Rantissi, ex-líder do Hamas, que foi assassinado recentemente por forças israelenses. O que representa sua morte nesse cenário tão conturbado?

Stern: Ele foi o segundo líder do Hamas que entrevistei. Também conversei com Abu Shanab, que foi assassinado em 2003. Rantissi me disse que gostaria de resolver os problemas sem a guerra, mas que era impossível, pois seu povo vivia em regime escravo. A política de Ariel Sharon só faz recrudescer a violência. Num cálculo per capita, israelenses e palestinos sofreram vários ataques ao estilo do de 11 de setembro. É impreterível criar um Estado palestino. O apoio americano incondicional a Israel só alimenta o sentimento de ódio dos islâmicos.

Valor: Por que cada vez mais crianças são recrutadas por organizações terroristas?

Stern: Em grande parte dos casos, trata-se de uma adesão voluntária e incentivada pela família. Aderir a um grupo terrorista significa ter alimentação, moradia e dinheiro garantidos. As organizações jihadistas da Caxemira são as mais impressionantes. Há escolas religiosas, madraçais, que abrigam crianças de todo o mundo. Lá, elas recebem treinamento mental para a guerra santa.

Valor: Pode ocorrer uma guerra biológica?

Stern: Não acredito. É muito difícil fazer uma arma biológica de destruição em massa. Seriam necessárias grandes instalações para abrigar equipamentos de produção. Uma organização terrorista seria localizada em pouco tempo. O 11 de setembro, apesar de seu efeito cinematográfico e catastrófico, impressionou especialistas pelo baixo grau de tecnologia empregado. Ele prenuncia que haverá uma evolução do terrorismo. Iremos ver um uso maior de armas não-convencionais, mas em ataques mais grosseiros, de baixa tecnologia e com um número menor de vítimas. Isso já ocorreu, nos EUA, com o envio de antrax pelo correio. Em 1995, os japoneses da seita Verdade Suprema lançaram, no metrô de Tóquio, o gás sarin, que matou doze pessoas. Nesses casos, armas químicas e biológicas foram usadas sem a necessidade de grande tecnologia ou recursos financeiros.

Valor: Após os atentados em Madri, o mundo se pergunta onde será o próximo. Tem uma previsão?

Stern: Os EUA são o alvo privilegiado. Quanto mais o governo Bush responde com violência, mais cresce o sentimento anti-americano. É apenas uma questão de tempo para um novo ataque e a Al-Qaeda é paciente. O terrorismo veio para ficar.

Fonte: https://www.portasabertas.org.br/noticias/entrevistas/2004/06/noticia975/


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