O governo local da região nordeste do Paquistão anunciou neste domingo que chegou a um acordo com o Talebã para oficializar a implementação da lei islâmica (sharia) na região do Vale do Swat, fronteira com o Afeganistão.
A sharia era uma reivindicação antiga do grupo que, extra oficialmente, já havia imposto a prática no interior da província, fechando centena de escolas e impedindo a educação de meninas.
O anúncio de como será a aplicação da lei islâmica deve ser feito nesta segunda-feira na capital regional, a cidade de Peshawar.
Como ‘gesto de boa vontade", o Talebã anunciou que vai impor uma trégua de 10 dias com as forças de segurança do Paquistão e libertou um engenheiro chinês capturado há mais de seis meses.
O governo central em Islamabad ainda não se manifestou sobre o que analistas estão considerando uma concessão ao Talebã, grupo que a administração prometeu erradicar.
Ofensiva
O Exército do Paquistão, pressionado pelo EUA a combater militantes em seu território, lançou uma feroz ofensiva contra o Talebã desde meados de 2007.
Apesar dos esforços, a ofensiva não conseguiu conter o aumento da influência do grupo. O presidente paquistanês, Ali Zardari, afirmou em uma entrevista à rede americana CBS que hoje o Talebã ameaça o Paquistão como um todo, que o grupo passou a atuar em grandes partes do território e não apenas nas regiões fronteiriças com o Afeganistão.
A ofensiva mobilizou um grande número de soldados e causou muitas baixas de ambos os lados. Se calcula que pelo menos mil civis tenham morrido nos confrontos e bombardeios aéreos.
Um número muito maior de moradores fugiu da violência da área, refugiando-se nas cidades grandes de outras partes do país, criando um problema social.
"Muitos no Vale do Swat querem a saída imediata do Exército porque este falhou na tentativa de impedir o avanço do Talebã ou proteger os opositores do grupo", afirmou o repórter da BBC Ilyas Khan, que esteve a pouco tempo na região.
O Vale do Swat, com seus picos nevados, planícies verdes e lagos, é conhecida como a ‘Suiça paquistanesa".
A região era um das destinações favoritas no país, particularmente popular entre mochileiros europeus e americanos na virada dos anos 1960 e 70.
Mas a violência e aumento do fundamentalismo islâmico dos últimos anos tornaram a região praticamente proibida para estrangeiros.
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