Após sobreviver ao primeiro acidente entre o ônibus em que viajava e o caminhão na BR-282 e dar uma entrevista a uma rádio de São Miguel d'Oeste dizendo que havia nascido de novo, Gilmar da Costa, 43, foi atingido pela carreta carregada com açúcar. E se tornou um dos 27 mortos da tragédia.

“Foi um milagre o que aconteceu comigo. Nunca vou me esquecer. Nasci de novo”, disse Costa ao repórter Marcos Meller, da rádio Peperi, 15 minutos antes da segunda colisão.

Ele continuou relatando a Meller detalhes do primeiro acidente, no qual sete pessoas morreram. “Quando vi, estava lá embaixo. Só ouvi o estouro, me agarrei no banco e pedi a Deus. Tentei socorrer alguém, mas vi que o ônibus ia descer mais e saí.”

À Folha Meller disse que, após terminar a entrevista com Costa, entrou em um carro para tentar encontrar sinal de celular e transmitir um boletim para a rádio. “Deu no máximo 15 minutos [após o término da entrevista], e houve o segundo acidente. Estava a uns 600 metros do local. Só vi a carreta passando por mim e o estouro.”

A ausência de sinal de celular no local do acidente é apontada por Meller como a razão de ter sobrevivido. “Se tivesse [sinal], eu teria feito o boletim lá mesmo. A ausência de sinal me salvou.” Ao voltar ao local do acidente, o repórter não reencontrou o entrevistado. “Soube só depois [da morte] quando saiu a listagem oficial. Aí, quando vi o nome, lembrei que 

tinha feito a entrevista com ele. Fiquei muito surpreso.”

A mesma sorte de Meller não teve outro funcionário da rádio Peperi: Valdik Lucas Rupolo, 35, que era radialista, morreu no segundo acidente.

Costa viajava no ônibus da WRTur, que transportava 45 pessoas que voltavam da Exposição-Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Chapecó para São José do Cedro. O veículo caiu em uma ribanceira de 30 metros de altura.

A viagem do grupo comemorava os 40 anos da Cooperalfa (Cooperativa Regional Alfa). Ao todo, 330 ônibus foram fretados pela cooperativa.